Foi divulgado na
última semana o trailer oficial do documentário de Walter Carvalho
que conta com detalhes a vida de um dos roqueiros mais importantes do
cenário nacional: Raulzito, como apelidado carinhosamente pelos
amigos. A previsão de estreia do filme é para janeiro de 2012.
O documentário tem
como título o trecho de umas canções mais famosas do roqueiro,
Gita,
escrita em parceria de Paulo Coelho. A ideia de Walter Carvalho era
mostrar o homem por trás do ícone do rock, seus medos, amores e
sofrimento, em todas as suas fases.
O filme segue a
ordem cronológica da vida de Raul: começando com trechos de sua
infância e adolescência. Nessa época, ele já tinha a ambição de
entrar para o mundo do rock e começa a fazer parte da psicodélica
Raulzito
e Os Panteras,
que fazia alusão às canções dos Beatles.
A obra traz
depoimentos de amigos de Raul, ex-companheiras, fãs, familiares e
jornalistas. Paulo Coelho é uma das pessoas que mais conviveram com
o roqueiro durante toda sua trajetória. No documentário, ele conta
sobre suas parcerias – que não eram apenas musicais, como também
alucinógenas, pois o escritor se diz responsável por apresentar
todas as drogas ao amigo, inclusive as mais pesadas como a cocaína e
o ácido.
Essa parceria entre
o escritor e roqueiro vai ainda um pouco mais além: no filme são
mostradas cenas da Ordo Templi Orientis (Ordem dos Templos do
Oriente), seita que seria a inspiração chave para a criação da
Sociedade Alternativa. Os membros da ordem falam sobre a as idéias
defendidas pela seita, seus princípios, sobre a importância de
Aleister Crowley (que foi uma das fontes mais bebidas para as
composições de Raul) dentro dela, entre outras. Eles contam também
sobre a concepção errônea que as pessoas têm sobre o diabo e os
demônios e são mostradas cenas de seus rituais, como o sacrifício
de animais na floresta e pessoas defecando sobre uma fotografia do
Papa João Paulo II. Paulo Coelho ainda conta que todos que fizeram
parte das seitas e rituais de magia negra pagam por suas escolhas
pelo resto de suas vidas.
O documentário
ainda ressalta os depoimentos de Blue Caps, Tarik de Souza, Nelson
Mota, Caetano Veloso, Roberto Menescal, Tom Zé, Pedro Bial e Marcelo
Nova (que é mostrado como um dos sanguessugas da fama de Raul). Kika
Seixas, última ex-companheira de Raul comenta sobre a dificuldade do
músico em lidar com suas duas doenças: o alcoolismo e a diabetes.
Juntas as doenças provocaram a morte de Raul, que teve uma parada
cardíaca consequência de uma pancreatite aguda fulminante.
O filme se encerra
com cenas dos últimos momentos de Raul e sua morte no Edifício
Aliança, ao som de Gita.
Não são mostradas as cenas constrangedoras de Raul, como a famosa
cena de seu show em Santos, em que ele não consegue cantar ou dizer
qualquer palavra, devido ao abuso de drogas e álcool. Assim, a trama
demonstra os lados humanos de Raulzito, sem se apropriar de seus
vexames, mas sim de suas conquistas, suas amizades e dores. Mostra-se
que o Maluco Beleza não era tão maluco assim, era apenas um homem
em busca de si mesmo.
Embora o lançamento
do filme esteja previsto para janeiro de 2012,
ele foi exibido três vezes em caráter de pré-estreia na 35ª
Mostra de Cinema Internacional, em São Paulo, no final de outubro e
início de novembro.