A MECATRÔNICA NOSSA DE CADA DIA

A Mecatrônica é uma das engenharias mais novas e comporta noções de eletrônica, mecânica, controle, programação e elétrica. É por meio do estudo dessas áreas que chegamos aos sistemas automatizados, que estão cada vez mais presentes no nosso dia-a-dia. Tecnologias que antes só existiam na imaginação do homem são agora parte da rotina de muita gente

Por Juliana Faria e Marina Alves
Junção de “mecânica” e “eletrônica”, até pouco tempo, ao ouvir mecatrônica, os puristas e saudosistas reclamariam de mais uma “invencionice”. Hoje, no entanto, não apenas a palavra se tornou comum como o conhecimento da área faz parte do cotidiano das pessoas. A formação em mecatrônica é focada no gerenciamento de processos industriais complexos, que exigem sistemas sofisticados para operação. E é devido ao desenvolvimento desses sistemas que se alcança a melhoria de máquinas e processos que facilitam o nosso dia-a-dia. O professor da disciplina no Cefet-MG campus Divinópolis, Renato de Sousa Damaso, exemplifica: “Se partirmos de um tanque de lavar roupas comum, podemos pensar que a máquina de lavar – que minha esposa adora e penso que muitas mulheres também - seja uma versão mecatrônica dele”. Como esclarece Damaso, um tanque possui uma parte mecânica estrutural, uma parte fixa e outra parte móvel, uma parte eletrônica embarcada, responsável por gerar os sinais que movimentam de forma específica as peças móveis, um programa gravado em um dos componentes eletrônicos, chamado de microcontrolador, que permite escolher diferentes ciclos de lavagem e controlá-los. “Assim a máquina de lavar libera a dona de casa, ou a empregada doméstica, da tarefa desgastante e repetitiva de lavar as roupas, ficando a cargo apenas de prepará-las na máquina, programar o ciclo de lavagem e colocar as roupas para secar”, explicou. Ser a responsável por facilitar a vida de todos, a Engenharia Mecatrônica tem sido o foco principal das indústrias e também das pesquisas.
No Cefet-MG campus Divinópolis, o curso de Mecatrônica tem desenvolvido um trabalho tecnológico muito interessante. Trata-se de um projeto que recria a linha de montagem de uma fábrica de automóveis. “São oito robôs industriais em miniatura, controlados por um computador, simulando a estrutura de uma linha de montagem de produção automobilística em forma de uma maquete mecatrônica”, explica Renato de Sousa Damaso, professor do curso técnico de Eletromecânica e de Engenharia Mecatrônica e também coordenador do projeto. Na maquete serão reconstituídos os postos de trabalho de soldagem de chassis, funilaria e verificação dimensional. Outra parte do projeto recria a esteira de transporte que funciona através de um PLC (Controlador Lógico e Programável) que também controla a sinalização luminosa e sonora de um quadro de alarmes que compõem a linha de montagem, possibilitando a sincronia entre estes sistemas.
O estudante de engenharia mecatrônica Leonardo Elias Antunes faz parte do projeto e desenvolveu o braço robótico em miniatura chamado de “Sucatrônic”, o pequeno manipulador da maquete. “O projeto tinha a princípio uma identidade social, pois era baseado em aproveitamento de materiais como, por exemplo, caixa de pasta de dente e caixa de sabonete”, conta o estudante. Mas como infelizmente, diz, o material não era resistente o suficiente, ele foi substituído por acrílico, que ao menos é mais barato e serviu a contento para acompanhar os processos. O aluno ainda explica que “a idéia do projeto foi do nosso professor orientador Renato Dâmaso, que chegou a elaborar um protótipo feito com material reaproveitado. O que tivemos que fazer foi ‘equipar’ aquela idéia com motores e estrutura, e o resultado foi o Sucatronic”.
Foto Renato Mesquita: Braço robótico em miniatura construído por alunos do Cefet-MG

Leonardo e outros 15 alunos fazem parte do Grupo de Estudantes de Robótica do Cefet-MG orientado pelo professor Renato. “O objetivo do projeto é fazer com que os alunos tenham conhecimento sobre a parte robótica de uma linha automatizada de montagem de carro, utilizando sensores e atuadores, isso reproduz de forma bastante próxima o que acontece em uma linha de produção automobilística de verdade”, diz o estudante de mecatrônica. Desta maneira, os futuros engenheiros terão contato com algo real de sua profissão.
Para Renato Damaso, o investimento em projetos assim é fundamental, pois trata-se de atividades que contam com a atuação efetiva dos alunos. A importância de um projeto assim sem sombra de dúvidas é o conhecimento gerado”, confirma Antunes. E Dâmaso completa: “A partir de um objetivo claro, os participantes buscam os conceitos necessários à complementação de seus conhecimentos para cada passo dado no projeto. Depois vem o exercício prático de trabalho em equipe, que é fundamental para esse tipo de profissional nos dias de hoje. Incluindo a capacidade de avaliar o tempo necessário para o cumprimento de cada etapa e a importância de cumprir os prazos estipulados”.
O trabalho em equipe também foi ressaltado pelo participante do projeto, além do conhecimento de robótica a nível industrial: “Tenho um interesse particular pela robótica, e pretendo me especializar nessa área. Este projeto está sendo uma oportunidade muito boa para poder compreender melhor o funcionamento de um robô. Já trabalho com projeto e desenho de máquinas há algum tempo, isso talvez tenha contribuído para as etapas ao longo de todo o processo de desenvolvimento do protótipo. Tudo implica em aprendizado”, concluiu Dâmaso.
Para apresentar este e outros trabalhos realizados pelo curso de Mecatrônica do campus V, entre os dias 5 e 7 de outubro acontece na unidade a “Jornada Mecatrônica de CEFET-MG”, como explicou o estudante de engenharia mecatrônica, Leonardo Elias Antunes. O evento também conta com palestras e oficinas.


Mais informações no blog do Cefet-MG campus Divinópolis. 

Assista ao vídeo do primeiro teste do "Sucatronic" desenvolvido pelo GER (Grupo de Estudos de Robotica) do CEFET-MG campus Divinopolis.

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