REAL IGUAL À FICÇÃO

Algo que parece bem distante de nós pode, na verdade, estar bem próximo. Quando assistimos a séries de investigação no estilo CSI (Miami, New York) nos deparamos com técnicas ultramodernas utilizadas para solucionar os crimes. No Brasil, um país de realidade cada dia mais violenta, estas técnicas se tornam de suma importância.

O resultado dos resíduos colhidos nas mãos do atirador é fundamental para provar o seu envolvimento com o crime 

Por Juliana Faria e Marina Alves
Saber quem efetuou um disparo de arma de fogo é essencial em uma investigação, até mesmo para saber se foi homicídio ou suicídio e no caso do homicídio, identificar o autor do disparo.
Quando uma arma dispara, além do projétil, saem também alguns resíduos. Eles podem ser expelidos junto com a bala através da boca do cano, ou pela parte anterior das câmaras, entre o tambor e o cano, ou então pela parte posterior, entre a região de trás do tambor e a culatra, no caso dos revólveres.
Esses resíduos vão parar nas mãos do atirador, mas precisamente na região dorsal dos dedos polegar e indicador e também na palma da mão. Nessas regiões é que serão procurados os possíveis resíduos de um tiro. Armas como revólveres facilitam a análise, pois a quantidade de resíduos liberados é consideravelmente maior do que das pistolas, armas fechadas, que, dependendo do formato e tamanho da abertura de ejeção do ferrolho, pode acontecer de sequer liberar estas partículas, assim como submetralhadoras e armas longas.
Espingardas, carabinas e rifles quando semiautomáticas liberam gases pela janela de ejeção que vão para as mãos do atirador. Caso a arma não seja semiautomática, não haverá escape de gases pela parte detrás do cano, sendo assim, os resíduos de um tiro deste tipo de arma só será encontrado nas mãos do atirador se esta for aberta imediatamente após o disparo.
Em Itaúna, cidade do centro oeste mineiro, a cerca de 40 km de Divinópolis, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) firmou uma parceria com a Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM) para realizar a 1ª fase do projeto Rede Pólvora no desenvolvimento do método de análises para balística forense.  
Rede Pólvora
O projeto Rede Pólvora foi idealizado no ano de 2001 pelo então Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, Wanderlei de Souza, visando integrar o mundo acadêmico e o pericial. Souza é membro fundador da SBMM o que o incentivou a implementar uma rede de microscopia eletrônica para apoio dos serviços periciais no Brasil e programas de treinamento para peritos nas diversas metodologias que envolvam microscopia.
Em 2004 a rede foi oficialmente iniciada e, a partir daí foram realizados eventos como o Seminário de Balística Forense Avançada, o I Simpósio Brasileiro de Microscopia Aplicada às Ciências Forenses em conjunto com o XX CSBMM em 2005 e o II Simpósio Brasileiro de Microscopia Aplicada às Ciências Forenses em conjunto com o MICROMAT em 2006.
Patrícia Resende, química e técnica de laboratório no Senai, participou do projeto por meio da parceria firmada entre o SENAI de Itaúna e o SBMM como bolsista do CNPq entre 2004 e 2005 para auxiliar no desenvolvimento do método de análise, atuando nesta primeira fase do projeto. “Consistia em desenvolver um método de análise de resíduos de disparo por arma de fogo no corpo, mais precisamente nas mãos do atirador, utilizando-se um microscópio eletrônico por varredura (MEV). Os resultados foram divulgados em um Simpósio em Águas de Lindóia”, explicou Patrícia.
Microscópio eletrônico de varredura (MEV)
A microscopia eletrônica de varredura tem sido utilizada pela perícia forense por fornecer informações de detalhe, com aumentos de até 300.000 vezes. No caso o resultado dos resíduos colhidos nas mãos do atirador será mais preciso na hora de provar o seu envolvimento com o crime.

Serviço: Clique aqui para entender melhor o Microscópio Eletrônico de Varredura. 



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