A GREVE DOS CEM DIAS


  

Foi durante os séculos XIV e XV que o mundo presenciou a Guerra dos Cem anos, entre França e Inglaterra. A longa batalha só recebeu tal intitulação porque, na época, os ingleses estavam literalmente por cima, detentores de um imenso poderio, enquanto a França resistia, resignadamente, aos confrontos.
Alguns séculos se passaram e, hoje, a Guerra dos Cem anos nos serviu – além de conteúdo de aulas de História – para fazer alusão à categoria grevista... Sim, dos professores dessa mesma História, Língua Portuguesa, Biologia, Física e das demais cadeiras da rede estadual de ensino.
A última greve dos educadores completa hoje mais de cem dias de duração. Foi o período mais longo em que estes profissionais se mantiveram em greve em toda sua história – 104 dias no total. De um lado, a Inglaterra - o governo poderoso – e do outro, a França – os professores, relutantes, lutando para obter melhores propostas nessa dura negociação.
O Estado de Minas desta segunda, 19 de setembro, traz a manchete: a greve dos professores está na iminência de seu fim. Ameaçados, sob pena de multa, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais considerou a greve “abusiva” devido ao tempo e às proporções que ela adquiriu. Tão logo, a Justiça determinou o fim imediato da greve, que até então, não tinha previsão para terminar.
Fato curioso é que os alunos escolhidos como personagens para a reportagem, coincidentemente, são exemplares. Estudaram por conta própria, dedicaram-se a cursinhos extracurriculares e estão preocupados com o ENEM e com o vestibular. Pensando nisso, o governo mineiro providenciou a contratação de professores para substituir os grevistas e investiu em aulas através da televisão para contribuir com a preparação do Exame.
Foto: Marcos Michelin - E.M. / D.A.Press 
O que talvez o governador não saiba, ou pelo menos não sentiu na pele, é que dentro de uma sala de aula os humores e comportamentos são os mais variados possíveis. Além dos bons alunos, também existem os razoáveis e os que estão mesmo a fim de perturbar. E o professor deve transmitir o conhecimento para todos esses alunos, igualmente. A indisciplina, salas lotadas fazem parte da rotina dos educadores. Muitas vezes, ele tem que se desdobrar para conseguir levar o sustento para casa e ainda ser um bom profissional. Portanto, a queixa para conseguir o piso salarial de acordo, como a categoria tem solicitado ao governo até a exaustão, não merece outra definição a não ser justa.
O que nos resta, agora, é aguardar o desfecho desta “guerra” e torcer para que a vitória seja dada a quem mereça. As armas já foram postas e o Sindicato prometeu recorrer. Que venha o arauto para dar as boas novas.


Redação: Tatiane Fonseca
Edição: Fabrício Terrezza

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