FELIZ 12 DE SETEMBRO

        Especificamente há uma semana antes do “aniversário de 10 anos do 11 setembro”, a cobertura televisiva do Jornal Nacional se voltou totalmente para o fato. Relembrar a dor dos americanos era a pauta da semana.
            As lembranças começaram na segunda, dia 05/11. Uma reportagem especial sobre segurança nos EUA após o atentado inicia a saga, com cerca de 5 minutos. Familiares de pessoas que morreram na queda do World Trade Center ou do avião sequestrado da Airlines davam seus depoimentos, entre lágrimas. Sobreviventes ao ataque comemoravam. Uma mistura de  documentários produzidos pela BBC de Londres e cabeças gravadas em Nova Iorque pelos repórteres globais.
            No dia seguinte, mais um pouco de atentado, desta vez sob a perspectiva das guerras desencadeadas pelo 11 de setembro. Uma reportagem de quase 6 minutos.
            Já no dia 7, nada diretamente sobre o ataque terrorista, mas sobre as eleições nos EUA, mortes em atentados na Índia e Paquistão. Coincidência?
            Dia 8, uma nova reportagem de quase 6 minutos sobre o preconceito sofrido pelos muçulmanos que vivem nos Estados Unidos. A matéria mostra a islamofobia e indica, por uma pesquisa, que quatro de cada dez estadunidenses admitem ter preconceito e medo dos muçulmanos.
            No dia 10, ultimo dia de JN antes do aniversario do ataque, que em 2011 se deu no domingo, a edição foi quase exclusiva sobre o ataque. Primeiramente uma reportagem sobre o Afeganistão e as condições de seus sobreviventes (teria melhor nome para os que persistem em uma terra arrasada?). De acordo com a reportagem, de aproximadamente 5 minutos, o lugar é perigoso, porém desfruta de belas paisagens. Depois, outra reportagem de quase 7 minutos sobre o novo World Trade Center, sua construção e resistência física (inclusive a ataques aéreos). De acordo com a matéria, construir um novo prédio foi uma decisão politica dos EUA, que demostra sua reestruturação enquanto país. Por fim, uma reportagem de 3 minutos ressalta sobre a segurança reforçada no país no dia seguinte, aniversário de 10 anos do atentado.
            A duração de todas as reportagens, se somadas, ultrapassam o tempo total de uma edição completa do JN. E o jornal, com seu lugar de líder de opinião nacional, usou de todo esse seu “poder” para reforçar apenas um lado da história – o dos estereótipos de muçulmanos e afegãos, como terroristas. Até mesmo na reportagem sobre o preconceito vivido por estes povos nos EUA e feita de um lugar social elevado. São “eles”, da cultura terrorista, não “nós”, nação mundial.
            Nada se falou sobre a guerra que a nação azul e vermelha provocou no Oriente Médio em busca de petróleo. Ou a guerra desencadeada após o ataque. Incentivada principalmente pelo presidente atual, Barack Obama, e não mais apenas por Bush (o pai e o filho).
            Não só no Jornal Nacional o ataque foi a pauta de uma semana inteira, mas em diversos outros canais midiáticos, seja internet, impresso, rádio ou TV. Por isso, um feliz 12 de setembro para todos - e que a porta do 11 de setembro não precise mais ser aberta. Ou que se for, que seja pra mostrar o outro lado da moeda, que também sofre bastante.

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