SUPER 8: ENTRE A IMAGINAÇÃO E OS CLÁSSICOS

J. J. Abrams dirigiu seu último filme, Star Trek, em 2009. Desde então, começou a se dedicar à direção de seu novo roteiro: Super 8. A parceria de produção foi feita com Steven Spielberg, o que foi um fator decisivo no resultado final.
Super 8 conta a história de um grupo de crianças que mora em uma pequena cidade americana, no final de década de 70, em plena Guerra Fria. Entretanto, a única preocupação do grupo é terminar as gravações de seu filme caseiro, sobre mortos-vivos.
Super 8 combina aventura, drama, ficção e romance em
seu roteiro escrito pelo diretor J. J. Abrams
Para filmar, as crianças utilizam uma câmera super 8 – daí o nome do filme -, e se apropriam de cenas “reais”, como a passagem de um trem em uma ferrovia. Durante essa cena especifica, uma camionete se coloca à frente de um vagão e ocasiona uma grande explosão, que apesar de ter efeitos especiais demasiados se explica durante a trama.
Após o incidente, pessoas e objetos começam a desaparecer da cidade, sem qualquer explicação. As pessoas aparecem gritando, em cenas escuras, tentando fugir de algo que faz barulhos ensurdecedores. Paralelo ao fato, militares invadem a cidade, em missões secretas, tentando esconder os desaparecimentos, provocando incêndios para que a população deixe a cidade, entre outras ações tidas como misteriosas. É então que uma das crianças do grupo é capturada pelo “desconhecido” e as demais vão em busca dela.
O mistério começa a ser solucionado quando as crianças descobrem que o “desconhecido” é uma espécie de monstro, de outro planeta, que possui forças eletromagnéticas, que por um acidente veio parar no planeta Terra. Os militares mantiveram o ser aprisionado, para estudos. Entretanto, tudo que ele queria era reconstruir sua aeronave e voltar para seu lugar de origem. Assim, a criatura consegue fugir e começa a provocar os incidentes, por não confiar nos seres humanos. A velha história da criatura pura, vista como má pelos seres humanos, que apenas quer sua liberdade. Um verdadeiro clichê das histórias infantis, mas que não deixa o enredo menos interessante.
No fim, as crianças conseguem salvar as pessoas e ajudam o ser a encontrar sua liberdade e deixar o planeta. A história é regada de sentimentalismo, drama, aventura e, claro, muitos efeitos especiais. Nada muito impressionante, mas sim uma releitura dos clássicos de Spielberg: os carros voadores como na trilogia “De volta para o futuro”, a criatura boa e má de “Gremlins”, as cenas das crianças como em “E.T. – o extraterrestre”.
A direção de fotografia faz jus ao nome do filme, em estilo 8mm, com direito a tremidas da película e distorções de cores, como se tivessem sido, de fato, produzidas em uma super 8 e reveladas em produtos químicos. Os traços do cinema digital podem ser notados apenas nas cenas com efeitos especiais, como as explosões e aparições da criatura que causa pânico na população.
Entretanto, na saída do cinema, comentários como “por que o filme tem esse nome?” podem ser ouvidos. Nem todas as pessoas conhecem as antigas super 8 e durante o filme não fica explicito que se trata de uma câmera de filmagem caseira. Algumas pessoas chegam até mesmo a comentar que “o super 8” é, na verdade, o grupo das crianças.
Enfim, o filme se encontra no limiar entre os clássicos de Spielberg e a imaginação infantil. Não é uma história surpreendente ou comovente (a não ser pela trilha sonora, que chega a implorar sofrimento ao telespectador), não traz inovações ou novas perspectivas para o cinema, seja em narrativa, direção ou roteiro. É um filme da categoria “água com açúcar”, mas que apreende a atenção e desperta os sentidos de quem assiste durante 1h52.


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