DIVINÓPOLIS E REGIÃO ESTÃO PREPARADAS PARA A CRISE IMINENTE?

Como uma das cidades pertencentes ao polo minerador da região centro-oeste de Minas Gerais, Divinópolis enfrenta a iminência de novos problemas econômicos. Isso acontece devido a nova crise anunciada pela agência de risco Standard & Poor's, que apresentou dúvidas sobre a capacidade de recuperação da potência norte-americana diante do quadro de crescente endividamento da nação. Em Divinópolis e cidades vizinhas, siderúrgicas que iniciam interrupções nos períodos de produção, bem como as fundições, já registram demissões de funcionários devido ao desaceleramento da economia, ainda fragilizada pela crise de 2008.
Fachada da siderurgica Sao Luiz no bairro Ipiranga
Naquele ano, que marcou o início da cise que agora ameaça retornar, a chamada “bolha imobiliária” estadunidense foi apontada como o estopim da atual fase de forte estagnação da economia, principalmente no hemisfério norte. Em 2008, quando bancos e hipotecárias abriram livremente e em grande escala o número de financiamento para compra de imóveis, sem qualquer critério ou garantia de adimplência, criaram uma ciranda nomeada pelo ex-presidente Lula como cassino. O resultado foi um alto índice de inadimplência com a classe de clientes subprime (clientes de baixa renda com histórico de inadimplência).
Com bolsas operando em queda e grande especulação no mercado, o Brasil ao contrário de todo o discurso político de uma economia estável que não se abalaria, e como já era esperando sofreu os reflexos da crise uma vez, devido a grande derrubada dos preços das commodities. Mesmo que não tenha sido “uma marolinha”, não foi realmente uma “tsunami”. Pelo menos até agora.
Tal como aconteceu em Divinópolis, no município vizinho de Itaúna os autofornos da cidade se viram obrigados e interromper o funcionamento, e entre as fundições como INTERCAST, Fundição Corradi houve grande baixa no quadro de funcionários e imposição de férias coletivas para os remanescentes.
Nova velha crise
Embora seja vendida como uma nova crise, a que se avizinha agora é, para os analistas sérios e não cegos, que se trata de mais um lance, talvez nem mesmo o pior período. A atual crise nos EUA e na Europa é menos fruto do endividamento do Estado, como vem sendo dito, do que da capacidade de o Estado gerar riqueza para além dos privilegiados executivos e especuladores profissionais. O problema é antigo, todavia. Desde os anos 1980, quando Ronald Reagen e Margareth Tatcher resolveram desregulamentar a livre especulação, o capitalismo vem acumulando crises cada vez mais frequentes, embora sempre adiadas. A atual foi a gota d'água.
Não há como negar que há, ao lado do problema financeiro, uma questão política a ser gerenciada. No caso dos EUA, por exemplo, a crise não se refere apenas à falta de acordo entre o governo e o congresso em aumentar o limite de empréstimo. O teto americano foi elevado por mais de 60 vezes sem nenhum problema, mesmo quando a maioria do congresso não correspondia ao partido político do presidente. A polêmica decorre do descordo em decidir a forma de lidar com o déficit público, para que se contenham a relação de gastos frente ao valor arrecadado. O partido democrata, minoria no congresso, defende o corte nos gastos públicos e o aumento de imposto especialmente para os ricos. Já os republicanos defendem o corte de despesas nas áreas sociais e de saúde, e a manutenção dos gastos com a defesa e não aumento de impostos. Só para constar: Reagen era republicano.
A curto prazo o problema está resolvido, o governo conseguiu fechar um acordo para aumentar de imediato em US$ 400 bilhões o teto da dívida, com prospecção de nova elevação até fevereiro do próximo ano. A instabilidade do mercado, porém, dá sinais de que isto não é o bastante. No Brasil os reflexos ainda são sentidos diretamente pelas empresas dependentes da exportação de commodities. Em Divinópolis as empresas que anteriormente haviam paralisado o processo de produção, novamente enfrentam o problema. A Siderúrgica Ferroeste, desta vez, decretou sua falência, o que demonstra o enfraquecimento do setor nos últimos anos o que a impediu de suportar mais um período de crise. Mas como já defendeu QUESTÕES em 2008, o pior da crise é acreditar em seus fantasmas (leia aqui). 

Por Josiele Salera e André Camargos 

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