Resgate digital

Documento e peças que formam a memória de Divinópolis vêm sendo digitalizados, para não ser devorados pelas traças

Por Cleber Corrêa e Nando Oliveira

Livros, documentos do século 18, notas fiscais antigas. O material do acervo público municipal de Divinópolis é, como qualquer acervo histórico, um local propício para traças e cupins. Nesse caso, a ameaça é ter a memória, literalmente, roída pelo tempo. Mas, se depender do projeto que pretende tornar todos os documentos acessíveis eletronicamente, essa história vai mudar. Trata-se do projeto de digitalização do acervo, que dinamiza o acesso e a disseminação de informações entre os funcionários e colaboradores, além de permitir o acesso instantâneo de qualquer parte do mundo por meio da internet. O sistema além disso facilita a localização de imagens e documentos de época.

O sistema de digitalização consiste no escaneamento das imagens fotográficas, pictográficas e documentos. Alguns desses elementos necessitam previamente de uma higienização e passa por um processo de retirada de traças e fungos que comprometem a vida útil dos documentos.

O arquivo público municipal de Divinópolis possui material de grande valor histórico, datados desde 1834. Entre eles se destaca um livro cartorial com o nome de “Roll dos Culpados”, que consiste em registros de fianças, soltura e petições jurídicas.

De acordo com Marcos Antônio Vilela, gerente do arquivo público municipal, parte do acervo já foi digitalizado e muitos documentos necessitam de uma restauração, pois estão se deteriorando. Grande parte da verba gasta até o momento para o processo de arquivo digital veio de projetos aprovados pela Fapemig – Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais -, em parceria com a FUNEDI/UMEG ,que disponibilizava estagiários para ajudar no processo.

Segundo Vilela, o processo não consiste apenas em armazenar as imagens e documentos em memórias de computadores, mas, também, no trabalho de limpeza, pequenas restaurações e na conservação dos originais. “O melhor processo de armazenamento de imagens e documentos é a microfilmagem, mas, infelizmente, não temos verba suficiente para este processo”.

Para não perder o valor histórico, os documentos e fotografias que já passaram pela digitalização são armazenados e acondicionados em caixas apropriadas para receber esse tipo material, uma maneira de evitar a deterioração dos originais e sua autenticidade.

A digitalização também traz muitas vantagens tais como redução do tempo de pesquisa em documentos, redução no custo com armazenamento, segurança, portabilidade e um dos mais importantes a integração de dados ativos e históricos.

Restrições

Hoje, salvo pelos funcionários que trabalham no setor, a prefeitura investe por ano cerca de R$ 3 mil, dinheiro que, de acordo com Marco Antônio Vilela, não dá nem para comprar um computador apropriado para as atividades de rotina.

Outro setor que está passando pela digitalização é aquivo do Museu Histórico de Divinópolis (MHD). De acordo Alisson Israel, assessor do arquivo público, todo o material que está disposto no museu passará por uma triagem e inventariado. “Estamos a caminho da digitalização de todo o material do Museu. Já temos os computadores que serão disponibilizados para pesquisa e armazenamento das imagens após a digitalização”, diz Israel.

Segundo Alisson Israel, até agora foram gastos cerca de R$25 mil, dos R$53 mil disponibilizados por meio de um projeto aprovado pela Fapemig. Entre fotografias, quadros e documentos, estão várias peças doadas pala população, por exemplo: carro de boi, tesoura antiga, peças de cerâmica, dentre outros. Todo esse material será fotografado e publicado na internet, com o devido cuidado de virem acompanhados por legendas explicativas.

Geisa Aparecida Grego, diretora do MHD, diz que a digitalização do acervo representará um grande avanço, pois a população poderá ter acesso a todo esse material que será disponibilizado para pesquisa. “Temos parte da história de Divinópolis em nossa mãos. E não apenas documentos. Há peças de grande importância histórica, como um estribo de prata com o Brasão da Independência doado recentemente ao museu”. Salienta Geisa.

O museu possui em seu poder aproximadamente 25 mil peças, que remonta parte da história do Arraial do Divino Espírito Santo, entre documentos e peças de época. Em um segundo momento, depois do tratamento do acervo, será uma campanha de sensibilização, para que a população doe ao Museu ou ao Acervo público documento e peças históricas que mantêm consigo.

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