Por Breno Ferreira
Desde pequeno, o sonho de muitos garotos é ser um jogador de futebol. Na maioria dos casos o sonho não se realiza, ou termina em clubes ou times precários, onde não se transformam em atletas, tampouco em cidadãos. Quem um dia consegue chegar a um grande clube do Brasil já se pode considerar um vencedor. Se se trata do Cruzeiro Esporte Clube, reconhecidamente uma das melhores estruturas no mundo inteiro, mesmo que os garotos não alcancem a profissionalização, pode-se dizer que os meninos vivem um sonho. Na última semana estivemos na Toca da Raposa 1, para saber do supervisor da base do Cruzeiro Esporte Clube, Darso Souza, como que funciona todo o processo até os que meninos chegarem ao time profissional.
Segundo Souza, o processo começa com uma seletiva, que é feita por meio de empresários ou com as próprias pessoas que entram em contato com o departamento de captação. Outra forma de participar da seletiva seria com indicações de pessoas de confiança, empresários e também pelo departamento especializado do clube.
Após passar por esta etapa, os garotos têm a oportunidade de poder desfrutar de uma estrutura exemplar, que dá condições de aperfeiçoamento técnico, tático, físico; disponibiliza profissionais de diversas áreas, como dentistas, psicólogos, médicos, nutricionistas e fisiologistas, e ainda conta com escola básica dentro do próprio clube.
Embora tenha uma estrutura mais antiga do que o centro de treinamento de profissionais, a Toca 1 já abrigou até a seleção brasileira, e hoje fica inteiramente a disposição da base celeste.
Cerco
Não há dúvida de que o Cruzeiro oferece um estrutura exemplar para os garotos da base. Nem por isso está isento de problemas. Recentemente o Ministério Público (MP) esteve em alguns clubes, dentre eles o Cruzeiro, para saber como é a vida destes futuros jogadores. Os procuradores idenficaram irregularidades. Segundo eles, os atletas ficam presos ao centro de treinamento. O correto, diz o MP, é que os meninos, mesmo passando o dia no local dos treinamentos, não sejam privados do convívio familiar. Nesse caso, com a política de captação de atletas em todo o País, o Cruzeiro deveria trazer e dar estrutura para os familiares dos meninos.
Darso Souza reconhece que o Cruzeiro apresenta essa deficiências, mas, afirma, todo o processo já está sendo resolvido pelo departamento jurídico do clube. “Todas as determinações do Ministério Público serão atendidas”, garante. Souza, salienta, no entanto, que todos têm o direito de sair do clube, deste que solicite antes. “Podem freqüentar a sede campestre, os jogos do time profissional no Mineirão e também podem sair fins de semanas com algum parente, desde que não haja programação de treinamentos ou jogos”, justifica.
O supervisor ainda argumenta que muitos dos garotos não têm em casa a estrutura que no clube eles desfrutam. Darso diz que, em primeiro lugar, o Cruzeiro forma cidadãos. “Se se tornarem jogadores do time , profissional, isso será uma consequência do processo que adotamos”, diz.
Conversando informalmente com alguns atletas, eles demonstram satisfação total em estarem ali e destacam toda a estrutura existente. Segundo eles, sempre que podem vão ao Mineirão e ao clube campestre e negam que fiquem presos o local. Até porque não têm tempo, dizem. Pela manhã vão à escola, à tarde treinam e a noite fica para o descanso e o estudo também.Mesmo assim, a alegação do Ministério Público é correta: nada substitui o convívio familiar. Os clubes, inclusive o Cruzeiro, precisam dar conta também dessa demanda. Afinal, muitas vezes os clubes lidam com a única esperança de famílias inteiras de saírem da miséria. Se esse sonho não se cumpre, é responsabilidade dos clubes oferecer outras saídas para os tletas e seus familiares.