“Não temos compromisso com os partidos derrotados”

Em entrevista exclusiva ao Vírgula OnLine, Vladimir Azevedo, futuro prefeito de Divinópolis, expõe suas expectativas, projetos e garante que fará um governo de competência técnica Por Alinne Andrade e Petrúcia Tavares Fotos: Carlito Ribeiro

Com apenas 36 anos, Vladimir Azevedo é eleito para governar Divinópolis e assume o Executivo Municipal em janeiro de 2009, mês em que completa mais um ano de vida. De qualquer forma, ele será um dos prefeitos mais novos na história da cidade.

Dias após o pleito, no qual 48.653 divinopolitanos o escolheram para chefiar o Município nos próximos quatro anos, sua rotina de vereador, músico e professor universitário havia mudado. Na quinta-feira, após a Reunião Ordinária da Câmara, em sua agenda, Vladimir arrumou uma brecha para conceder esta entrevista ao Vírgula Online. Enquanto isso, do lado de fora de seu gabinete, além de um outro veículo de comunicação que o aguardava, havia várias pessoas para cumprimentá-lo.

Vladimir chama seus adversários de covardes quando abordado sobre os ataques feitos a sua campanha. Conciso em suas respostas, ele fala sobre de suas propostas de governo e diz que a saúde de Divinópolis vai mal. Para melhorar, diz que vai, em pouco tempo, remodelar toda a rede de saúde do município.

Para compor sua equipe de governo, o Prefeito eleito está convicto da sua decisão de não se aliar aos partidos de seus adversários derrotados. E afirma que fundirá Secretarias e extinguirá diretores para enxugar a Máquina Pública.

Não antecipa nomes que farão parte de seu governo, mas deixa claro que montará uma equipe técnica com pessoas da comunidade e com profissionais dos partidos que compuseram sua coligação.

Vírgula Online - Vladimir, como o senhor avalia sua campanha? Vladimir Azevedo – Positiva, uma campanha humilde, feita com dificuldades materiais, mas pelo crescente ideal. A minha campanha é um gráfico crescente. E a nossa campanha foi isso, cresceu na hora certa, virou e ganhamos a eleição.

VO – E como o senhor vê esses ataques feitos à campanha? VA – Desespero de perdedor. Covardes.

VO – Quais as dificuldades pretende encontrar na Prefeitura? E qual o primeiro projeto que pretende implantar assim que tomar posse? VA – As dificuldades são várias. Em todas as áreas. Sabemos que Divinópolis tem dificuldades estruturais. Na área do meio-ambiente, infra-estrutura urbana, na área da saúde ainda mais, na de desenvolvimento econômico. Então, são vários projetos que teremos que fazer e dificuldades teremos muitas, sabemos disso. Nós temos ânimo para trabalhar, temos equipe capaz, teremos o apoio dos servidores, da população, dos Conselhos, para superarmos as dificuldades juntos. O primeiro projeto... Creio que devemos realmente fazer a reestruturação da Prefeitura dentro de um modelo de gestão que entendemos ser o melhor para desenvolvermos nossa administração. É chamada de Reestruturação dos Cargos, que compõem o governo, e já iremos trabalhar na transição.

VO – Quais os projetos da atual administração que o senhor dará seguimento, os que o senhor modificará e os que abandonará? VA – Vários nós daremos seguimentos. A maioria dos mais expressivos. O restaurante popular, não só vamos dar seguimento como vamos aprimorar. Utilizá-lo como instrumento de cultura para músicos, artesãos. Usá-lo como instrumento de geração de emprego e renda, em benefício do pró-homem do campo e do agronegócio. Temos aí a Universidade Federal, temos o Pré-vestibular Popular. Temos as obras do PAC, o Viaduto da Castro Alves, a Trincheira da Rua Goiás. Então, são vários projetos que nós vamos dar seqüência.

VO – Algum que o senhor não daria seguimento? VA – Não me lembro de nenhum. Talvez o modelo para tratar do esgoto do Rio [Itapecerica], aprovado, que seria a entrega para a Copasa. Esse, eu não daria seguimento.

VO – Qual o seu diagnóstico da saúde da cidade? VA – Bom, a saúde de Divinópolis vai mal. Nós temos uma rede de saúde desestruturada com um número de leitos muito baixo, 243 leitos, hoje, pelo SUS. Menos da metade de dez anos atrás, e a população cresceu em mais de 30 mil pessoas. Temos, hoje, a pior cobertura do Programa Saúde de Família de Minas Gerais, apenas 15% de cobertura. Temos pouca resolutividade dos postos de saúde e isso tudo afoga o Pronto-Socorro, que é mais vítima do que culpado. Então, temos que remodelar toda a rede e temos um projeto que é em curtíssimo prazo. É nossa prioridade atacar essas questões e iniciar a solução dos problemas da saúde em Divinópolis. Sabemos do desafio, mas sabemos que muita coisa pode ser melhorada e vamos fazer na nossa gestão.

VO Investir em esporte, cultura, educação e lazer é sinônimo de promoção da saúde para o senhor? VO – Para mim é e colocaria até num plano maior, que é sinônimo de promover qualidade de vida. Esse é um dos grandes pilares por que vamos lutar. O nosso projeto é crescer de verdade. Quando nós falamos que Divinópolis irá crescer de verdade, isso significa crescer com qualidade de vida. Para nós, crescer não é abrir loteamento, é dar condições dignas para famílias viverem bem. Os jovens terem oportunidade de emprego, terem oportunidades de qualificação, espaço de lazer, de cultura. As famílias terem atendimento de saúde digno. Então, está dentro de qualidade de vida para Divinópolis crescer de verdade.

VO – Alguma proposta para o trânsito e o transporte coletivo da cidade? VA – Divinópolis precisa reorientar o seu eixo viário. Nós temos proposta do anel rodoviário, além de reabertura de outras avenidas interligando bairro ao centro, como a Rodovia dos Batistas, que sai da Unifenas e chega na região do Ipiranga. E o Anel Rodoviário ligando a grande região sudeste, passando pelo Bairro Santa Lúcia, Padre Eustáquio, Dona Rosa, com a região do Candidés, Icaraí, para que possamos tirar o grande trânsito do hiper centro de Divinópolis. Divinópolis está com 78 mil veículos, fora a população flutuante que vem, pois somos uma cidade pólo e temos que investir nisso. O transporte coletivo com total transparência, com tarifa que nunca sobe acima do salário mínimo. No nosso governo, pelo contrário, vamos procurar diminuir a tarifa, procurar fazer a integração de uma maneira mais efetiva no transporte, para que nós possamos ter em 2012 uma licitação no transporte coletivo totalmente transparente e competitiva, também para que tenhamos o transporte público de boa qualidade, com tarifa justa para o divinopolitano.

VO – Essas mudanças que a Prefeitura fez no Centro visando a diminuir o número de veículos do centro, o senhor concorda com essas mudanças? VA – É uma tendência natural de todo grande centro, São Paulo, Rio de Janeiro, cidades de médio porte, Curitiba, dentre outras, partem para isso. Para que as cidades sejam cada vez mais humanizadas pelas pessoas. Então, nós não vamos retroagir nesse sentido, mas também não vamos tirar muito espaço do trânsito. Vamos criar maneiras de ele naturalmente ter outros caminhos por esses viários eixos, que citei anteriormente.

VO – Muita gente criticou as mudanças e dizem que o transporte coletivo é precário, que deveria melhorar para as pessoas passarem a deixar os carros em casa e utilizarem mais os ônibus. O senhor concorda com essa questão? VA – Precisamos incentivar sim cada vez mais o uso do transporte coletivo e a nossa intenção é encarar esse desafio, incentivar cada vez mais o transporte coletivo. E, para quem aderir ao transporte individual, que tenha outras maneiras de transitar para que não sobrecarreguem o hiper-centro.

VO – Nessa eleição, houve uma distribuição dos partidos, devido ao número de candidatos. Com sua vitória, o senhor ficou comprometido somente com os partidos de sua coligação. Haverá em seu secretariado uma composição com os partidos derrotados? VA – Não. Nós vamos compor com pessoas de notório saber da comunidade que, às vezes, não têm ligação com nenhum partido. Pensamos em fazer uma gestão mais técnica e buscar todas as oportunidades para fazer Divinópolis realmente ir para frente, para não ficar com picuinhas políticas, com questões políticas menores, levando gestão a ficar para trás. Aproveitaremos muitos quadros dos partidos que compuseram a nossa coligação. Há muitos quadros, todos os seis partidos que vieram conosco oferecem uma equipe técnica qualificada. Mas, com os partidos de candidatos derrotados, nós não temos nenhum compromisso.

VO – E qual o nome dos que assumirão as pastas? VA – Não, nós não temos nenhum nome. Estamos discutindo o perfil e a composição da equipe de transição que começa a trabalhar no mês de novembro. Então, estamos discutindo o perfil do secretariado, mesmo porque não sabemos nem a estrutura que ele vai ter. Várias Secretarias irão se fundir, disso eu tenho plena convicção. Vamos enxugar um pouco a máquina, para rodar mais leve, mais barato, dar mais resultado e sobrar mais para investir. Então, vamos remodelar a máquina, discutir perfil, para depois sim discutir nomes.

VO – Uma de suas propostas de governo é a valorização do servidor. Hoje a Prefeitura é uma das maiores, senão a maior empregadora do município... VA – É a maior empregadora!

VO – É uma proposta de seu governo enxugar a máquina pública. Como o senhor fará isso? Mandando as pessoas embora? Como será? VA – De forma alguma. Até porque eles têm estabilidade. A nossa intenção é aproveitá-los nesse projeto de desenvolvimento e a máquina pública são os cargos em comissão. Veja bem o que eu disse, fundir Secretarias, extinguir Diretorias. Alguns cargos comissionados, cargos de confiança, em nosso entendimento, são cabides de emprego, desnecessários para um processo de gestão moderno. E, quando eu digo reduzir custeio, eu falo, por exemplo, fazer uma competição sadia, até que servidores sejam premiados. Por exemplo: vamos reduzir em 20 por cento, estabelecer a meta, na energia elétrica, na conta de energia elétrica das escolas. As escolas que atingirem a meta, cerca de 5 a 10 por cento desse valor serão devolvidos para o servidor daquela escola. A Prefeitura economiza custeio e os servidores, que participaram para ajudar o custeio cair, têm o bônus salarial por terem contribuído para diminuir o custeio. É nesse sentido que o servidor vai ser parceiro para diminuir o custeio.

VO – Ainda com relação aos funcionários públicos. Está em tramitação na Câmara, desde 2007, um projeto do Executivo que, sendo aprovado e sancionado, retira o direito de licença-prêmio dos funcionários admitidos após a entrada em vigor da lei. Ele foi muito criticado pelos sindicatos, pelo Sintram [Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis]. O que o senhor pretende caso ele seja aprovado ainda neste ano?

VA – Se ele for aprovado, vai ser cumprido.

VO – Mas o senhor concorda com esse projeto?

VA - Olha, nós não votamos ainda. Eu creio que pode ser uma coisa interessante. Até por uma questão da remodelação da gestão. Nós vamos discutir melhor o projeto, com os próprios pares e ver o que vai ser o denominador comum.

VO – No debate na TV, o senhor foi solidário ao candidato impugnado Rinaldo Valério, dizendo que abraçará alguns de seus projetos de campanha. Quais os projetos de seus adversários o senhor irá implementar?

VA – Tem o projeto educação integral. Não escola integral. Educação integral que o Rinaldo falou muito nele, reestruturação do Pronto-socorro, o Rinaldo falou muito nele. Na questão da saúde, dos Programas Saúde da Família. Então, são projetos que nós abraçamos e que também já tínhamos. Em parte, complementamos com o dele. E precisamos dele como Deputado, ainda mais para tentar viabilizar esses projetos.

VO – E de outros candidatos, de outros adversários tem algum projeto que o senhor poderia abraçar? VA – Sinceramente não vi nada de interessante, de inovador, que já não esteja no nosso, não. Tem muita proposta papagaio, que está no nosso e começaram a repetir.

VO – Como, por exemplo, o projeto Cartão Saúde Cidadão do Geraldinho Martins? VA – Bom, aquilo é uma coisa prevista pelo SUS. Está no nosso plano de governo colocar 80% do cartão saúde, mas já está na nossa proposta também.

VO – Rinaldo Valério e Demétrius Arantes são prováveis candidatos a Deputado Estadual e Domingo Sávio e Jaiminho Martins a Deputado Federal. Quem o senhor irá apoiar? Na verdade é muito cedo para já falar em 2010. Tenho compromisso político partidário com Domingo Sávio, que é do PSDB. E há ainda outros nomes do nosso grupo que podem sair candidatos a Deputado Estadual. Temos o Vice-prefeito. Temos outros colegas partidários, por exemplo, a Eliana. Pode haver outras pessoas que surjam. Então, o que eu posso dizer é que todos têm direito de se candidatar e eu como prefeito vou respeitar todas as candidaturas, quero que cada coisa aconteça em seu tempo, mas vou ser leal a quem foi leal ao meu projeto.

VOComo o senhor definiria o mandato e a administração que se inicia no ano quem vem? VA – Mandato honesto. Presente. Dedicado. Moderno.

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