Estações de tratamento de esgoto de Divinópolis abandonadas

Enquanto a política municipal não chega a um consenso sobre o esgoto, o Itapecerica sofre as conseqüências Por Nando Oliveira e Cleber Corrêa

Cidade pólo da região Centro-Oeste do Estado, Divinópolis despeja diariamente no Itapecerica, rio que corta a cidade, todo seu esgoto doméstico e industrial. Tal situação não se deve à falta de projeto. Eles são muitos, mas quase sempre carecem de real implantação. Na última tentativa de salvar o Itapecerica, em 2003, foi iniciada, pela Prefeitura Municipal, a construção de duas estações de tratamento de esgoto - uma no Bairro Jardim Candidés e outra no Del-Rei. Em 2004, as obras das estações foram interrompidas após ser constatada a inviabilidade do projeto. Resultado: os esqueletos das estruturas foram depredados e estão cobertos por mato e lixo.

De acordo com o Representante da Prefeitura de Divinópolis, Lúcio Espíndola, responsável local pelo PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal -, as obras foram paralisadas por não atender critérios do Plano Diretor de 1998, que previa a construção de unidades no Bairro Vila Romana e na Mata do Noé. Segundo Espíndola, da forma como estavam sendo conduzidas, as construções teriam mais custos do que benefícios.

Ele afirmou que as obras paralisadas serão retomadas em breve, porém, com readequações dos projetos. As duas estações serão, segundo Espíndola, transformadas em elevatórias de esgoto, que bombearão os resíduos recolhidos para uma central de tratamento. Embora haja verbas, já garantidas para as obras, serão necessários mais recursos. “Temos hoje R$30 milhões para investir nesse projeto, mas vamos precisar de mais verbas para a construção das estações, que devem consumir mais de 40 milhões”.

Segundo a Diretoria de Superintendência Regional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Alto São Francisco, Supram-ASF, Aline Trindade, o problema da falta de tratamento de esgoto não é isolado. “Apenas sete cidades da região por onde o Itapecerica passa contam com estações de tratamento de esgoto.” Nesse caso, garante Trindade, pouco adianta que Divinópolis, isoladamente, trate seu esgoto.

O Engenheiro Sanitarista Clécio Gomides, Professor da FUNEDI/UEMG e Mestre em saneamento e meio ambiente, afirma que o problema vem, sim, recebendo a necessária atenção do Município. Ele alerta, porém, que, antes da construção das estações de tratamento, as administrações municipais precisam fazer um trabalho de conscientização junto à população. Ele lembra o trabalho realizado pela ONG Lixo e Cidadania, que busca conscientizar sobre a importância não apenas da construção de uma estação, mas da preservação do meio ambiente em sua complexidade.

Ainda de acordo com Clécio, para que sejam construídas as estações, é necessária, primeiro, a construção de uma rede interceptadora junto as margens dos córregos e ao longo do Rio para que o esgoto seja desviado e direcionado para as estações.

De acordo com Aline Trindade, dos 55 municípios do Centro-Oeste, apenas nove atenderam às exigências que regularizam o tratamento de efluentes domésticos e industriais. Entre as que já tinham um sistema de tratamento, apenas Itaúna e Pará de Minas procuraram regularizar a documentação necessária, fornecida pela Supram-ASF, para dar seguimento às obras.

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