Cartão Postal de Divinópolis está esquecido pelas autoridades municipais

Lagoa do Sidil está morrendo em meio a tanto esgoto, mato e descaso do Município Por Cleber Correa e Nando Oliveira
O que poderia ser um cartão postal da cidade está abandonado e tomado pela poluição. A Lagoa do Sidil, localizada no 2° Prolongamento do Bairro Capitão Silva, recebeu este nome em homenagem ao antigo dono daquelas terras Sr. Capitão Silva, pai do famoso e lendário Zé Capitão. A lagoa está localizada entre os Bairros Sidil e Alto São Vicente e, próximo as suas margens, está a Siderúrgica Alamo, que faz uso diário das águas para resfriamento dos fornos. Segundo moradores e freqüentadores do local, a Siderúrgica é a maior responsável pela poluição. A responsável pela empresa no setor ambiental, Priscilla Morais disse, que a Siderúrgica, há alguns anos atrás, fez uma dragagem para o desaçoriamento da lagoa, mas, não soube informar o valor gasto. Priscilla contou que a água utilizada no resfriamento dos fornos retirada da lagoa é considerada de uso “insignificante”.

Gentil Eustáquio da Silva, 62 anos, carvoeiro, mora próximo a lagoa a 35 anos. Ele conta que a situação tem piorado a cada ano e lamenta que o poder público não tem preocupado com a conservação de um lugar que poderia ser um cartão postal da cidade.

O carvoeiro lembra-se de quando, naquele local, era a fazenda do Zé Capitão e de quando os moradores da região usavam a água da lagoa até mesmo para consumo próprio. “Quando estou nervoso ou preocupado com alguma coisa venho aqui e fico observando as pessoas pescando. As vezes, trago minha varinha de bambu e ranco umas Tilapinhas, já peguei uma que dava quase 2kg.”, finaliza rindo.

Durante a conversa com Sr. Gentil, uma turma de crianças passeava aos arredores da Lagoa, conduzidos por Claúdia Maria dos Santos, 42, professora da creche “Movimentos das Crianças”, que fica no Bairro Afonso Pena, próximo a lagoa. Durante o passeio, ela contava para as crianças sobre a Lagoa e as ensinavam sobre a preservação do meio ambiente.

Para a Professora, a Prefeitura deveria transformar o local em ponto de entretenimento, onde as pessoas poderiam vir aos finais de semana com filhos, amigos, animais. “Sempre passeio com as crianças pelo Bairro e uns dos locais favorito delas é o passeio pela Lagoa. Elas ficam super alegres quando as trago aqui. É uma pena que o local está abandonado, tornando-se até perigoso.”

Durante algum tempo de espera aos arredores da Lagoa, apareceu uma figura que é popular entre quase todos os moradores do Bairro. Conhecido por Sr. Santinho, que carregava uma sacola em umas das mãos e na outra uma vara de pescar.

Ao se aproximar da Lagoa o Sr. Geraldo Esteves, que não quis nos revelar sua idade, começou a jogar migalhas de pães velhos dentro d´agua. Em pouco tempo, parecia estar borbulhando devido a grande quantidades de peixes que se aglomeram para comer pedacinhos de pão.

“Todos os dias passo alí na padaria do Miguel e pego alguns pães velhos e trago para alimentar os peixes. Aproveito também para levar um tira gosto para o almoço. Tenho esperança de ver está lagoa como um cartão da cidade e acho que a Prefeitura deveria olhar mais para ela, antes que ela morra.”, finaliza Sr. Santinho fisgando uma Tilápia.

De acordo com Assessoria da Prefeitura Municipal de Divinópolis, a área, de aproximadamente 240 mil metros quadrados, localizada na região centro-oeste da cidade, é considerada, desde 1981, como inadequada para loteamento e está protegida por lei como área de preservação permanente. A prefeitura informou que existem projetos de revitalização da Lagoa, mas, que agora fica nas mãos da próxima administração para a execução dos demais.

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