Cada um acredita no que quer

Você alguma vez parou para pensar em como a fé em Deus marca presença constante até mesmo na vida de pessoas declaradamente atéias, que não dão valor à fé e acreditam que crer em uma força superior é uma prática boba, coisa de quem se envereda pelas promessas de paz e vida eternas que a fé religiosa promete? Sim, cheguei a usar quatro linhas de texto para simplesmente perguntar sobre a presença da fé em Deus na vida das pessoas – especialmente na sua (deixe seu comentário abaixo). Este é um assunto que rende ótimas discussões em todas as rodas de conversa. Quem, em algum momento da vida, não tinha nada de mais para fazer e começou a manifestar suas opiniões sobre Deus diante de alguém com ponto de vista diferente? Todo mundo já fez isso, porque a religião, mesmo para quem não a tem, é um assunto tão presente na vida que todos, simpatizantes ou avessos, se acham grandes entendedores do assunto e capazes de produzir respostas para todas as perguntas feitas pelo interlocutor. O único objetivo do diálogo é convencer o outro de que seu ponto de vista é o certo. O mais interessante, penso, está não em você ser religioso fanático e encontrar pessoas que também seguem seu Deus. O legal, o quente da história, é haver discussão. É haver debates. É haver troca-troca de crenças e até mesmo de ataques como “você é um ateu” ou “você é um bobão iludido”. 

Quem acredita em Deus argumenta que ele é necessário para que haja paz, para que as pessoas vivam felizes, para que ele e seus santos arcanjos iluminem a estrada de sua vida e o conduzam para a vida eterna, quando sua jornada sobre o planeta Terra chegar ao fim. Quem não acredita em Deus, endeusa a Ciência, esta sim, sábia e esclarecedora. Iluminada! Que abre caminhos pelo desconhecido e nos faz acreditar que existem outras versões para os fatos que os escritos da Bíblia atribuem à “mágica” realizada por alguém - ou algo - que, ora pois, criou tudo isso, depois foi morar no céu. Se nós, enquanto pessoas, ao lado da natureza, somos criações de Deus, por que ele não quis morar conosco, como todo bom pai ou criador deseja ficar perto de seus filhos ou sua obra? Ora, dizem os crentes, Deus está no meio de nós! Olhe para o lado e sinta Ele encostado na pia enquanto você se alivia.

Religiosidade é um assunto polêmico, complexo, que me fez gastar três parágrafos enquanto tentei apenas mostrar a essência de cada um dos dois principais pontos de vista existentes a respeito da religiosidade e da fé cristã. Tão pensativo a respeito estou agora, que seria capaz de somar a estas três partes pelo menos outras dez, em menos de dez minutos – bastando a mim apenas levantar os olhos para os próprios pensamentos e deixar a informação se materializar, como obra de Deus. 

E por que estou usando tal analogia? (Abro parênteses para contar-lhes a forma como comecei a me aproximar – e, ao mesmo tempo, a me distanciar da fé em Deus. Nasci no hospital chamado de Santa Casa - instituição mantida por um grupo de freiras, que fazem tudo para agradar ao Pai. Na entrada, havia uma imagem de Nossa Senhora do Pilar e outra de Maria. Evidente que não me lembro deste detalhe de quando nasci, mas uma das primeiras coisas que minha mãe fez ao poder sair da maternidade foi tirar uma foto comigo no colo, ao lado das santas. Imagem que hoje estampa um porta retrato. Não que eu goste das santas da imagem. Gosto apenas de minha mãe. Mas se minha mãe, católica doente, insiste em chamar Maria de mãe, fico feliz porque, naquela foto, apareço, bem bebezinho, no colo de mamãe, rodeado por minha avó, Maria, e pela tia Pilar. Fecho parênteses).

Ricardo Welbert

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