Uma década sem movimento


Em 10 anos a cidade de Pedra do Indaiá, localizada a 170 km de Belo Horizonte – MG, não apresentou crescimento populacional significativo. Parte da sua população ainda reside em zona rural e para romper com esse destino, muitos precisam migrar para cidades maiores da região em busca de oportunidades.

Por André Camargos e Marina Alves

O antigo município de Senhor Bom Jesus da Pedra do Indaiá pertenceu ao município de Itapecerica durante 71 anos desde a criação do distrito. Nesse período, em 1923, a cidade foi renomeada como Pedra do Indaiá e em 1962 tornou-se independente, desmembrando-se de Itapecerica. Situada a 170 km da capital mineira, Pedra do Indaiá possui 3878 habitantes situados na zona urbana e rural.

Visão panorâmica da cidade de Pedra do Indaiá. Segundo dados do IBGE em 10 anos
o crescimento populacional da cidade não foi significativo (Foto: André Camargos)

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE (2010), em dez anos a cidade apresentou uma estagnação populacional. No ano 2000 Pedra do Indaiá possuía aproximadamente 3814 habitantes e em 2010 esse número praticamente permaneceu o mesmo, com um total de 3878 habitantes.
O professor de economia da Funedi/Uemg, Paulo César Pereira, aponta a possível justificativa para essa estagnação.A falta de oportunidade de emprego nesse município, está fazendo com que as pessoas busquem outros locais para trabalhar. Divinópolis é um município muito forte na região centro-oeste e tem oferecido para as pessoas uma maior oportunidade de emprego. O professor de economia ainda comentou sobre outro ponto agravante dessa situação.Isso é ruim para o município de Pedra do Indaiá, porque deixa de gerar renda para o próprio município, uma vez que, o que move o crescimento da cidade é o consumo. Ou seja, o consumo que gera maior produção, a produção que gera mais emprego, o emprego que gera mais renda no município e essa renda gera mais consumo. Você torna isso um ciclo virtuoso, o que pode não estar acontecendo neste município”.
De acordo com o estudante indaiaense, Felippe Amaral, um fator para esse não crescimento do município pode estar ligado ao fato de Pedra do Indaiá não ter recebido investimentos nos últimos anos. “Nas eleições de 2004 uma candidata prometeu trazer uma empresa de calçados de Nova Serrana pra cidade, só que ela perdeu e acabamos perdendo também esse investimento”, comentou Felippe.
Por sua proximidade com Santo Antônio do Monte, considerada a capital dos fogos, Pedra do Indaiá possui uma fábrica de fogos de artifício. Sua economia também está ligada à agricultura familiar, à criação de gado leiteiro e também ao ramo de confecções de médio porte.
Nos anos 90 a cidade vivenciou um momento de desenvolvimento econômico com a chegada de uma indústria de carbonato de cálcio ao município e que até hoje é quem movimenta grande parte da renda de Pedra do Indaiá.
Como explicou Felippe Amaral, outro fator interessante é que mesmo sendo a única industria no município, a arrecadação da empresa de carbonato de cálcio em Pedra do Indaiá é maior do que a soma das arrecadações das fábricas de fogos da cidade vizinha, Santo Antônio do Monte.A geração de recursos para a cidade através da Unimin é maior do que se somar a renda de todas as fábricas de fogos de Santo Antônio do Monte.
O prefeito de Pedra do Indaiá, Cláudio Gonçalves Coelho, afirma que a cidade tem recebido investimentos no decorrer dos anos.A cidade recebe investimentos na área da saúde e da educação, mas por se tratar de uma cidade próxima a Divinópolis e Belo Horizonte e não ter nenhuma faculdade ou universidade, isso faz com que parte da população se mude para continuar os estudos e muitas pessoas que se formam não retornam para a cidade. Pedra do Indaiá não possui um hospital que realize partos e esse pode ser um dos motivos para essa estagnação". Ainda segundo o prefeito, “muitas famílias vão para os hospitais de Divinópolis durante o período do parto, nesse caso, as crianças não são registradas em Pedra do Indaiá”.
O fato de Pedra do Indaiá não possuir escolas profissionalizantes ou faculdades pode contribuir para a estagnação populacional do município, o que acarreta a mudança da população jovem para cidades, como Formiga, Bom Despacho e Divinópolis, como foi o caso de Felippe.Não é a maioria, porque como a cidade é pequena, o pessoal fica acomodado e pensa 'vou crescer e trabalhar ali mesmo na empresa local, casar, morar aqui e bom demais'. Agora tem alguns, como eu, que querem estudar, ter uma profissão, e tentar ser alguém na vida e acabam indo embora, explicou.

Felippe Amaral (óculos) com a sua família (Foto: Arquivo pessoal)

Questionado se essa mudança será permanente, Felippe foi categórico com um sim.Mesmo se em Pedra do Indaiá tivesse mercado, eu não tenho vontade nenhuma de voltar pra lá. Numa cidade que em dez anos não teve crescimento significativo, eu não vejo nenhum tipo de oportunidade pra mim, a não ser ir para visitar a minha família, finalizou. Paulo César apontou uma possível saída para essa situação.O setor público de Pedra do Indaiá deveria fazer um investimento maior nessa questão da infraestrutura, na geração de emprego e venda, aliado ao setor privado, com as classes empresariais. Consequentemente isso acarretaria um grande salto pra esse município na questão de crescimento econômico e desenvolvimento econômico”, finalizou o professor de economia.
Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com a empresa Unimin para apurarmos a contribuição da empresa para a movimentação da economia local desde a sua instalação na cidade, mas até o fechamento dessa reportagem não obtivemos nenhuma resposta.

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