MAIS FRUTAS E MENOS HORTALIÇAS NA MESA DOS BRASILEIROS

Mudança no consumo do país está relacionado positivamente ao aumento da renda, mas igualmente a hábitos pouco saudáveis na alimentação. O resultado é o aumento entre os brasileiros de "doença de rico"
Por Larissa Moura
O consumo de frutas no Brasil aumentou para 28,86 quilos anuais, em média, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008. Em contrapartida, o brasileiro está reduzindo o consumo de hortaliças, como tomate, batata e cebola. Entre os anos de 2002 e 2008, houve uma queda de 1,93 quilo por pessoa, ou seja, o consumo anual passou de 29 para 27,08 quilos. Esta mudança de comportamento está diretamente relacionada ao aumento da renda dos brasileiros.
A classe média brasileira vem aumentando desde 2008, e, atualmente, possui o maior poder de consumo segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esta classe já representa 55% da população do país, totalizando 100,5 milhões de pessoas. Em contrapartida, o número de pobres no país reduziu de 63% em 1993 para 33% em 2011. Já a classe alta cresceu de 6% para 11,76% no mesmo período segundo estimativas da FGV.
A partir desta mudança no cenário econômico do país, o número de brasileiros aptos a consumir ampliou significativamente: temos atualmente um potencial de consumo de 120 milhões de pessoas com renda média mensal familiar acima de R$ 1.500,00.
A preferência nacional
A banana e a laranja continuam sendo as frutas favoritas dos brasileiros, porém o seu consumo varia entre as esferas sociais. A classe mais baixa é a que consome menos frutas, haja vista que este produto é considerado caro dentro do grupo dos alimentos. Muitas vezes as frutas são substituídas por alimentos mais calóricos, que “sustentam mais”, como a carne. E mesmo quando não há esta substituição, há pouca variedade; geralmente o consumo se baseia em banana, laranja e maçã.
A classe média costuma consumir, além das três frutas citadas acima, o mamão e a tangerina. Já na classe alta, frutas como limão, uva, melão e mamão passaram a ter um consumo mais significativo.
O consumo dos brasileiros
Apesar do aumento no consumo de frutas, apenas 18,2% dos brasileiros ingerem a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 400 gramas por dia, de acordo com dados da pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo levantamento do IBGE, o cardápio diário do brasileiro combina a dieta tradiconal à base de arroz e feijão a alimentos com teor reduzido de nutrientes e alto teor calórico, como bolachas, salgadinhos industrializados, refrigerantes, entre outros. A dieta do brasileiro está ficando mais pobre de nutrientes devido à correria do dia-a-dia, à má educação alimentar e também ao aumento do número de pessoas que comem fora de casa diariamente, muitas vezes substituindo o almoço por lanches pouco nutritivos.
A maioria da população brasileira (61%) relatou ao IBGE o consumo excessivo de açúcar. Além disso, foi constatado que a gordura saturada está presente na alimentação de 82% dos brasileiros. A ingestão de sódio no país também é preocupante, pois 70% da população consome quantidades superiores ao valor máximo recomendado a uma pessoa saudável, que é de 2,4 gramas diariamente, o equivalente a uma colher de chá de sal. O consumo de fibras também é preocupante: 68% dos brasileiros possuem consumo de fibras abaixo do recomendado.
Os malefícios
O brasileiro está cada vez mais obeso e com a alimentação menos balanceada. Segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, de 2011, 48,1% da população brasileira está acima do peso e 15% são obesos. Em 2006, a proporção era de 42,7% para sobrepeso e 11,4% para obesidade. Especialistas da Universidade de Brasília apontam a má alimentação como a maior causa do aumento nos números.
Esse aumento da obesidade entre os brasileiros já provoca reflexos nas estatísticas de mortalidade do país. Um levantamento feito também pelo Ministério da Saúde indica um crescimento de 10% das mortes provocadas por diabetes mellitus entre 1996 e 2007. A doença já ocupa o 3º lugar no ranking das causas de mortalidade dos brasileiros, atrás apenas de doenças cerebrovasculares, como derrame, ou do coração. Além disso, o Brasil figura entre os 10 países com maior percentual de diabéticos, com 6,4% da população geral.
Há também um aumento do índice brasileiro de hipertensão arterial: 35% da população com mais de 40 anos é portadora de doença, o que corresponde a cerca de 17 milhões de pessoas. Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, 33% dos óbitos com causas identificadas no Brasil são relacionados a problemas cardiovasculares com hipertensão.

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