Brasileiros bebem mais cerveja e se tornam o terceiro maior mercado do mundo, deixando a Alemanha para trás. Cultura de beber e depois dirigir, no entanto, faz economia do país perder o que ganha com o mercado cervejeiro
Redação: Larissa Moura | Edição: Júlia Medeiros
Entra outubro, e com ele vem a primavera, a temperatura no país aumenta e a bebida mais pedida pelos brasileiros para aplacar este calor é a cerveja. Segundo estudo do Sindicato Nacional de Cerveja, Sindicerv, a produção da bebida no Brasil alcançou em 2010 a marca recorde de 12,6 bilhões de litros, um crescimento de 18% em relação a 2009.
Com este resultado, o Brasil se tornou o terceiro maior mercado de cerveja do mundo, atrás apenas da China, com uma produção na faixa de 40 bilhões de litros, e Estados Unidos, com 35 bilhões.
O aumento no consumo de cerveja no Brasil se deve a três fatores essenciais: aumento da renda do brasileiro, principalmente à classe C, estabilidade dos preços e clima favorável no país ao consumo da bebida, segundo o presidente da Sindcerv Gilmar Viana.
Além dos fatores citados acima, deve-se levar em conta o consumo precoce de bebidas alcóolicas pelos adolescentes em idade de 14 a 17 anos. Segundo um levantamento da Secretaria Nacional Antidrogas, Senad, quase 35% dos adolescentes menores de idade consomem bebidas alcóolicas ao menos uma vez ao ano no Brasil. E 24% dos adolescentes bebem pelo menos uma vez no mês. Além disso, segundo o mesmo estudo do Senad, aproximadamente metade das doses consumidas por adolescentes é de cerveja e chope.
Todos estes dados fizeram com que o mercado de cerveja no país crescesse e 2010 foi o ano que a indústria cervejeira mais investiu no Brasil. Os investimentos totalizaram 5,4 bilhões, quase o triplo da média de 2 bilhões dos anos anteriores. Esta aplicação de capitais rendeu ao país 44 mil novas vagas de emprego.
Este investimento das indústrias produtoras de cerveja se deu porque o gosto do brasileiro pela cervejinha para relaxar, com os amigos e/ou abrandar a temperatura, se mostrou verdade no país inteiro. De todas as doses anuais consumidas por brasileiros adultos dos dois gêneros, de qualquer idade e região do país, em torno de 61% são de cerveja ou chope. “É muito comum ouvir algum amigo te chamar para sair te perguntando o que vai fazer em determinado dia e já emendando com um vamos tomar uma cerveja lá em casa então?!” disse o webdesign Warlen Silveira.
Mas não é só bons momentos que a cerveja propicia. O abuso da bebida, de forma a criar-se um estado de embriaguez, aliado ao ato de dirigir é um dos principais agentes causadores de acidentes de trânsito. Segundo o Ministério da Justiça, através de um mapeamento de violência no Brasil, houve um aumento de 32,4% nas morte de jovens em decorrência de acidentes de transporte no período de 1998 a 2008. Com a Lei Seca, houve uma diminuição temporária, mas os índices voltaram a crescer, devido à ineficaz fiscalização. E esta situação influi diretamente na saúde brasileira, pois o acidente de trânsito é o segundo maior problema de saúde pública do Brasil, perdendo apenas para a desnutrição, e a terceira causa de morte no país, ficando atrás apenas das doenças do coração e do câncer.
Uma pesquisa feita pelo psiquiatra e presidente-executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, CISA, Antonio Nery Filho, constatou que 831 vítimas não fatais investigadas, havia a presença de algum nível de álcool no sangue em 61,4% dos casos. Dentre as 34 vítimas fatais incluídas no estudo,houve positividade em 52,9% das ocorrências. Como se vê, as perdar vão muito além do econômico.