LOMOGRAFIA: A NOSTALGIA DAS MÁQUINAS ANALÓGICAS

 Muito mais que uma câmera fotográfica de plástico, a Lomo hoje é sinal de comportamento entre os jovens. O estilo de vida vintage é o resgate dos anos 40, 50 e 60 pela geração atual, seja no modo de vestir ou na fotografia. Em tempos de fotografia digital, surge a lomografia, recuperando o estilo de fotografar com câmeras analógicas.
Por Juliana Faria e Marina Alves
Todo esse fascínio pelas câmeras Lomo começou justamente quando dois jovens, Mathias Fielg e Wolfgang Stranzinger, viajaram a São Petersburgo, na Rússia, e descobriram uma Lomo Kompakt Automat. Surpresos com os efeitos que a câmera produzia nas fotos, como cores vibrantes, cantos escuros e algumas distorções, resolveram levar a nova descoberta para Viena, na Áustria. Rapidamente a febre das Lomo se espalhou entre os jovens da cidade, nascendo assim um novo estilo de linguagem experimental fotográfica, conhecido hoje como Lomografia.
Mesmo com recursos como o photoshop e outros aplicativos fotográficos que podem inclusive ser baixados em smartphones, a onda retrô das câmeras estilo Lomo vem ganhando força e adeptos nos quatro cantos do mundo. O funcionamento desse tipo de câmera consiste na recepção contínua de luz que é feito por meio do sistema de exposição automático, chegando a durar 30 segundos. As lentes das máquinas são de plástico e ela é toda analógica, sendo preciso revelar o filme na velha câmara escura. Mas é justamente por isso que as Lomos chamam a atenção, já que, com a utilização de filme, não é possível prever as cores, formas e luzes de cada fotografia, ao contrário das câmeras digitais. 
Essa imprevisibilidade é que atraiu o músico e estudante do 2° período de publicidade da Funedi-Uemg, Rodrigo César Madureira: “Por ser tecnicamente limitada, você acaba contando um pouco com a sorte enquanto fotografa e isso é interessante porque você já começa a ver a cena que irá fotografar e tenta imaginar o resultado final, que é um tanto quanto imprevisível. Essa parte é muito bacana”.


Foto tirada por André Camargos com uma Lomo DIY Twin Lens Reflex 35mm 
Vanguarda ao avesso
A Lomo foi criada em 1982, tempos de Guerra Fria, pelo general Igor Petrowitsch Kornitzky. Ele teve a idéia de criar câmeras compactas parecidas com uma câmera japonesa e propôs ao diretor da fábrica Lomo Russian Arms and Optical, Michail Panfilowitsch Panfiloff, que fabricasse esse tipo de modelo. Assim foi criada a primeira Lomo, denominada Lomo LC-A. Com o tempo as câmeras foram ganhando novas formas e cores e acabaram se tornando um ícone cult de artistas e celebridades até jovens fãs da cultura vintage. Hoje existem mais de 50 modelos diferentes.
Com o sucesso das câmeras, foram criadas as Gallery Stores e a Sociedade Lomográfica, que está com um projeto de criar a LomoWordArchive, uma espécie de registro de fotografias em Lomo com a colaboração de fotógrafos de todo o mundo.
A idéia básica da Lomografia é sempre ter em mãos a sua Lomo e fotografar a qualquer hora sem pensar muito no que será fotografado, descobrindo novos ângulos, cores e texturas fotográficas. Dedicando-se a um estilo analógico, criativo e vintage.
Mania de ser antigo
O resgate de certas tecnologias do passado está em voga. Quando vemos jovens trocando fones de ouvido e arquivos em mp3 por vinis e toca-discos comprados em sebos, isso nos é afirmado com clareza. Tudo isso pelo amor ao passado.
No caso das Lomos não é diferente. Tudo uma questão de ideologia, segundo a estudante do 8º período de jornalismo da Funedi-Uemg, Marina de Morais. “É mais do que uma vertente da fotografia, é um resgate do passado, com a revelação de fotografias em papel.”
Aliás, passar o tempo em câmaras escuras parece atrair mais esses jovens adeptos da Lomografia. Uma atração muito maior do que ficar em frente a um computador moldando a foto à sua maneira com efeitos de programas desenvolvidos para fotografias.  A diferença está na falta de fidelidade com o “mundo real”. As cores e formas se distorcem. Ela traz uma nova perspectiva para a fotografia: a experimentação. Nada precisa ser simétrico e perfeito como na fotografia convencional.”, explica Morais.
O músico Rodrigo Madureira buscou a praticidade de um estúdio fotográfico onde fez um acordo, mas não sem antes explicar o processo de revelação: “Expliquei as intenções das fotos e falei sobre o processo cruzado (revelar um filme feito para o processo E6 em C41, por exemplo)”.
Mas e estes jovens? Como eles explicam essa febre Lomo?
“Talvez pelo saudosismo de usar outra vez um 35mm, mas acho que a Lomo não é só um resultado final, é todo um comportamento de não se preocupar tanto. Acaba se tornando uma brincadeira muitas vezes”, explica Madureira.
Já Morais vê a coisa levada a sério quando diz que “hoje a Lomo está em discussão entre os fotógrafos. Fiz dois minicursos de fotografia no nordeste recentemente, com fotógrafos renomeados nacional e internacionalmente. Neles, os professores utilizaram apenas Lomos para registrar os cursos e alunos. Nada de câmeras digitais, com grandes lentes e recursos”. 
Regras Básicas da Lomografia
Os Lomógrafos convivem com um conjunto de dez regras básicas:

























Lomography - comunidade global de apaixonados por fotografia analógica criativa e experimental

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