DESINFORMAÇÃO EM NÚMEROS

Discussão sobre o aumento do número de cadeiras para vereador tem tomado a agenda dos legislativos municipais brasileiros. Em Divinópolis, há posições contrárias à mudança de regra, mas a tendência é que, também aqui, haja aumento. Prazo para nova regra entrar em vigor preocupa.

Por Renato Mesquita Pereira e Lucas Carrano

Nos últimos dias, a discussão mais importante na Câmara Municipal de Divinópolis é o aumento do número de parlamentares na casa. A grande maioria dos vereadores é a favor do aumento do número de vereadores da cidade dos atuais 13 para 17. Alguns dos nossos representantes, porém, se posicionam contra a alteração. Eles exigem que a modificação seja para menos do que isso, ou que não haja alteração nenhuma. O fato é que a Câmara deve aprovar o projeto até o dia 30 de setembro, para que a nova lei tenha validade já nas próximas eleições municipais, em 2012.
Em outras palavras, em muito pouco tempo, muita coisa poderá mudar na cidade e na vida de toda a população divinopolitana. Mas, por outro lado, a impressão que temos é que a questão está sendo discutido muito às pressas – e, principalmente, sem a participação da população. Para ir além de suposições, QUESTÕES decidiu sair às ruas e às faculdades de Divinópolis, para conversar com as pessoas a respeito do assunto. Fizemos a, aproximadamente, 200 pessoas, de forma aleatória, as seguintes perguntas: São contrárias ou a favor ao aumento do número de cadeiras na câmara? Estavam a par da discussão? Acompanham o assunto na mídia local (jornais, rádio, televisão)? A ordem das perguntas foi exatamente essa, para que, assim, os entrevistados não fossem influenciados pela pergunta “você está inteirado do assunto” ao responder as outras questões.
Se, por um lado, o resultado da pesquisa satisfez a nossa premissa inicial, por outro nos apresentou dados preocupantes: a população divinopolitana é claramente contrária ao aumento do número de parlamentares na Câmara Municipal. A estudante Fábiola Alves, por exemplo, disse ser contra porque “o número que vereadores que há não está fazendo o necessário. Se houver aumento das cadeiras, eles vão fazer menos ainda e vai gerar mais custo para a cidade". Apesar de ter uma posição clara a respeito do tema, a maioria dos entrevistados não tinha sequer condições de emitir alguma opinião a respeito. De fato, as respostas que mais ouvimos foi: “Sou contra! Mais gente para roubar” e “Não tenho muito interesse em política”.
Poucas pessoas têm confiança suficiente para dizer que estão inteiradas dos acontecimentos. E se o principal contato com a política da população é por meio da mídia e quase ninguém se diz conhecedor do assunto, pode-se concluir que a cobertura da mídia é um pouco superficial ou o contato das pessoas com o conhecimento transmitido pela mídia o é. Ainda, poucos entrevistados são a favor da aprovação do projeto. Dos 211 entrevistados, somente 22 concordam com a mudança. Sanderson Israel, estudante da Funedi/Uemg, argumenta: "Quanto mais vereadores na câmara municipal, melhor será para organizar a cidade e estruturar a gestão política. Até porque Divinópolis aumentou muito e seria interessante mais vereadores para representar essa população que aumentou".
Geraldo de Oliveira Costa, graduando em Direito, questiona que faltou bom senso na ação: "Minha objeção é que a população divinopolitana foi esquecida. Não foi discutido com a população o que isso iria gerar para a cidade. A lei admite que sejam até 21 vereadores e que essa opção cabe aos próprios membros do legislativo, mas acho que a própria lei está defasada. O momento não é esse, o momento é de aumentar a vontade de trabalho desse pessoal que já está lá". Mesmo no ambiente universitário, a grande maioria dos entrevistados tem muito pouco a dizer sobre o tema e as respostas para as perguntas não sofrem grande variação (ver gráficos abaixo). 
Mesmo sendo apenas uma pesquisa exploratória, sem rigor científico, os números permitem questionar: ou bem têm razão os céticos em dizer que a população não tem a política em um lugar em suas vidas, ou bem a política, da forma como se apresenta está fora do lugar. Em ambos os casos, algo parece estar fora dos eixos.



 

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