As sacolas, o consumo e o meio ambiente

Sacos e sacolas na lixeira do passeio são o grande problema da lógica atual do consumo

por Isabella Santos

Atualmente, tudo que envolve o homem envolve consumo, e o consumo exacerbado gera lixo nas grandes e pequenas cidades em todo o Brasil. Diariamente, são produzidas 149 mil toneladas de lixo, de acordo com dados do IBGE. Um dos problemas mais graves é que a maioria desse lixo vai parar em lixões não adequados para o despejo de residuos. Cerca de 63% das cidades do país despejam seus lixos a céu aberto.

Grande parte da população acredita que se livrar do lixo e limpar sua casa já resolve uma parcela da sujeira. Mas não percerbem que aqueles montes de sacos e sacolas que estão na lixeira do passeio, à espera do caminhão para transportá-lo ao lixão, são um (senão o) grande problema desse consumo.

Vamos pensar: você vai à padaria, compra três pãezinhos, que são embrulhadinhos num saquinho bonitinho escrito “Bom apetite”. Mas comer o pãozinho seco não pode, aí então você compra o leitinho (de saquinho, lógico), mesmo porque as caixinhas Tetra Pak não são biodegradáveis. Então, de todo jeito ou saquinho ou caixinha causarão algum dano ao meio ambiente. Além disso, quando vai passar no caixa, além dos dois saquinhos que já estão nas suas mãos, você ganha mais dois: um para o leite e outro para o pão. Ao todo, em dez minutos, você recebeu quatro saquinhos plásticos diferentes. E qual será o destino destes sacos? O lixo. E onde vai parar todo o lixo? Nos lixões a céu aberto.

Este exemplo da padaria é o mais corriqueiro e acontece todos os dias. No supermercado, o índice de distribuição de sacolas plásticas é bem maior, pois a quantidade consumida é superior. Em Divinópolis, são descartadas cerca de 60 mil sacolas diariamante.

Uma das formas de evitar a poluição pelos sacos utilizados atualmente é a mudança para sacolas e saquinhos biodegradáveis, como já contece no estado do Paraná, onde são produzidas 20mil toneladas de resídusos e cerca de 160 milhões de sacolas plásticas por mês, de acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Uma das alternativas encontradas para reduzir esse lixo é a distribuição gratuita de sacolas oxi-biodegradáveis, que se decompõem em contato com o ar, o calor e a umidade, num prazo de 18 meses.

Em Minas, as discussões que envolvem a utilização de tais embalagens ambientalmente corretas começam a ganhar força. No último dia 10 de agosto, o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) iniciou uma série denominada “Diálogos – Sustentabilidade e Resíduos”, com palestras e debates sobre a destinação final das caixas longa vida (as Tetra Pak, citadas no exemplo da padaria), que são feitas com 75% de papel cartão, 20% de plástico polietileno e 5% de alumínio. Por não serem biodegradáveis, as caixas longa vida tornaram-se motivo de preocupação entre os ambientalistas, pelo volume acumulado e pela dificuldade de reciclagem desta embalagem.

Em Divinópolis a ASCADI é a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis, atualmente com mais de 30 associados, que saem às ruas da cidade recolhendo papéis e plásticos. São cerca de 10 toneladas por semana e 48 mil quilos por mês de materiais reutilizáveis. Além de recolher os materiais no centro da cidade, a associação faz coleta seletiva em cerca de 20 bairros de Divinópolis, e a população já começa a se acostumar. “A maioria dos moradores já deixam o lixo separado, isso facilita muito o nosso trabalho”, explica Paulo Tadeu da Silva, presidente da Associação.

Opinião

por Kennedy Dias

É fácil mudar e não produzir toneladas e toneladas de lixo, é só diminuir o desperdício e para diminuir o desperdício é necessário consumir menos. Consumir é importante, mas consumir só o que precisar. Se o consumidor ao comprar pão exigir que ele seja embrulhado em papel e usar somente uma sacola, já diminuirá bastante os resíduos que posteriormente serão depositados e jogados diretamente no meio ambiente, provocando danos quase irreversíveis. Trata-se daquela lógica quase simplista, contida na fábula do leão e do beija-flor: tentando apagar um imenso incêncio na floresta, o beija-flor carregava água do rio em seu pequeno bico. Ao que o leão, sarcástico, arguiu: de nada adiantaria. A resposta do beija-flor foi imediata: "Eu sei que não! Mas estou tentando fazer a parte que me cabe."


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