CLÁSSICOS PELAS MÃOS DE UM ARTESÃO

Por Tércia Almeida

José Raimundo de Morais, um amante do antigomobilismo (modalidade dos que cultuam modelos de carros antigos), realiza seus sonhos de possuir seus próprios carros antigos fabricando perfeitas miniaturas. Aos 63 anos, o artesão divinopolitano é reconhecido em sua cidade como um dos mais perfeccionistas, e nacionalmente já é reconhecido pelos especialistas em carros antigos.
Zé Raimundo já foi primeira página de vários jornais e revistas de todo o Brasil, além das matérias veiculadas pela TV. Seus trabalhos, as réplicas dos clássicos da indústria automobilística, se destacam pela perfeição dos detalhes.

O imponente modelo americano Chevrolet Bel Air/1952 é uma das luxuosas peças de sua coleção. O carro, na cor vermelha, apresenta total mobilidade dos componentes internos, das rodas, detalhes dos estofamentos, capotas - tudo idêntico ao veículo original.
Outro modelo que fascina os apaixonados por carros antigos é a Jardineira Chevrolet Gigante 1946, com carroceria Woodie. Também com detalhes móveis, suspensão e com acabamento idêntico ao do fabricante, é um dos modelos que os colecionadores vêem como relíquia, pois são raríssimos os exemplares deste veículo existentes em todo mundo.

São muitos modelos diferentes, e todos eles possuem características singulares e originais. Ambos, segundo Zé Raimundo, impressionam e comovem seus admiradores, e para ele não existe uma réplica mais bonita que a outra, todas são iguais. “Não existe uma réplica preferida, cada pessoa tem um gosto diferente e prefere um ou outro. Algumas pessoas se emocionam com alguma peça em especial, pois lembram de alguma coisa que já viveram no passado“, diz.
Quando criança, o artesão conta que admirava seu tio que fabricava carrinhos comercialmente e, como nunca fora presenteado, aos treze anos decidiu fazer o seu primeiro exemplar para brincar. Quando começou a fazer seu primeiro carrinho, atraiu a atenção das pessoas pela riqueza dos detalhes e perfeição do acabamento. Entretanto ele nem concluiu seu primeiro trabalho, pois trabalhava muito e tinha poucas horas vagas.

A ânsia de criar e o amor pelo antigomobilismo nunca cessou, fazendo com que ele, aos 50 anos, revivesse seu sonho adolescente. Sua primeira réplica foi um Caminhão Chevrolet 1951, muito admirado, assim como os demais da coleção.

José Raimundo nunca vende suas miniaturas, pois, para ele, a felicidade está em ver as pessoas apreciarem e se emocionarem com seus trabalhos. “Um colecionador milionário já me fez proposta, e eu recusei. Na hora eu não tive coragem de vender e nem de dar um preço”, completa. Ele é convidado a participar de encontros realizados pelos clubes de carros antigos em todo o país, e se realiza em ver pessoas de diversos lugares admirarem seu trabalho.

Os carros são peças muito minuciosas, levam muito tempo para serem concluídos, alguns levam até anos. José Raimundo trabalha sozinho nas horas de folga, na sua oficina no fundo de casa. O trabalho é completamente artesanal. Ele fabrica, ou melhor, esculpe todos os componentes manualmente. José Raimundo diz se arrepender por não ter começado a fabricação mais jovem, pois sente que aí está o maior prazer de sua vida, o qual nunca pretende deixar de fazer. “Se deixar, fico o dia inteiro por conta dos carrinhos. Isso é uma coisa que nunca pretendo parar de fazer”, diz.

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