Por Max Gonzaga e Banda Marginal
Sou classe média. Papagaio de todo telejornal Eu acredito Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média, compro roupa e gasolina no cartão Odeio "coletivos" e vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos, Estou sempre no limite do meu cheque especial Eu viajo pouco, no máximo um Pacote CVC tri-anual
Mas eu "tô nem aí" Se o traficante é quem manda na favela Eu não "tô nem aqui" Se morre gente ou tem enchente em Itaquera Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com o Estado Quando sou incomodado Pelo pedinte esfomeado Que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado É camelô, biju com bala E as peripécias do artista Malabarista do farol
Mas se o assalto é em "Moema" O assassinato é no "Jardins" E a filha do executivo É estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta A sua opinião regressa De implantar pena de morte Ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado Concordo e faço passeata Enquanto aumento a audiência E a tiragem do jornal
Porque eu não "tô nem aí" Se o traficante é quem manda na favela Eu não "tô nem aqui" Se morre gente ou tem enchente em Itaquera Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa Quando bate em minha porta Porque é mais fácil condenar Quem já cumpre pena de vida